quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Desculpe, querido poeta, se te passei a impressão de que sei .  Como posso saber se nunca aprendo, como escutar se não quero ouvir, como ver sem olhar.
Até ontem, te juro, ontem, eu queria mudar o mundo, ver tanta crueldade dói demais. Eu sei o quanto dói, acho que quem  pratica tiro ao pombo não sabe o que é  ser o pombo. Bom prá tu que não atira nem é pombo.  
Ah, ontem, ia esquecendo.  Eu não quero dizer de quem estou falando porque o historiador dedicou às vezes uma vida para escrever aquele mega ultra hiper calhamaço para eu chegar aqui e explorar uma pesquisa que nem tinha como ser minha.   Uma rainha que era liberal, não se conformava com o machismo, as guerras, a hostilidade entre as diferentes classes sociais bla bla bla bla não se conformava. Ler aquele ínfimo pedaço do livro foi  chocante, se eu tivesse lido inteiro teria me matado.  Para dar asas ao mundo que desejava  criar da sua cabecinha juntou-se à ala moderna, preponderantemente feminina: vamos usar roupas e penteados leves e abolir toda a perucaria e os tecidos extravagantes, comeremos com os camponeses,  proibidos os banquetes complexos.  Assim a reencarnação dela e de suas amigas como jacarés, urubus, peixe bioluminescente ... veio bem mais rapidamente. E sempre é bom porque quando se muda para esses papéis não é preciso ferver os miolos, o coração, a soberba ... com ideais. Lagartixa não queima sutiã.  Abelha não faz greve.  Humanos são tão minoria que nem sei por qual milagre conseguimos essa boquinha.  Sempre me pergunto, de verdade, se as bactérias dentais sentem a agonia da morte. As do intestino, os vírus ... esses em nenhum momento me atiçaram a curiosidade.  O mundo não continua igual só por conta dos ideais.     Entre os briguentos havia os artesãos que forçosamente repassavam parte dos seus lucros, passavam anos nas corporações para aprender o ofício, compravam matéria prima de outros artesãos e agora se viam esmagados pelos vendedores de bugigangas. Me pareceu abstrato mas ele me metralhou com o concreto: os fabricantes de chapéus com flores frescas e com flores dos mais sofisticados tecidos, ferragens e laços      viam as poucas moedas serem pagas aos fabricantes de versões básicas. Os idealistas queriam uma revolução com protestos mas os famintos e os esfomeados aproveitaram-se para saquear. 
    Se conseguimos sobreviver a ver sempre, todo dia, aquela estória da vilã que só dá dois dias de felicidade à mocinha acho que podemos aceitar um mundo que é sempre igual,   onde só mudam o avanço tecnológico e ... as roup.as de época.
    Melhor usar o tempo, que é curto, para fruir, influir é  fantasia

Um comentário:

  1. Eu quero ser solidário mas eu só consigo ajudar quem está comigo dando coisas que não me fazem falta. Eu sou uma mistura de avarento com preguiçoso, talvez isso queira dizer folgado. Então, para não me esforçar nem gastar dinheiro eu dou banalidades das quais não precisam e depois posso até jogar na cara que ajudei. São bobos o necessário para acharem que eu sou divertido, esperto e visionário. Não percebem que eu sempre puxo a pauta para os assuntos sobre os quais eu quero influenciar e sempre desvio o assunto quando alguém vai me pedir o menor dos sacrifícios.

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