sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

viver é melhor que sonhar

     Quem não veste o que você veste, quem não usa as palavras que você usa não se compara a você.
      Quero igualdade, sim, eu me esforço prá te imitar. É você quem não permite. Na hora de comer, a hora mais fácil de concretizar igualdades você me larga e vai comer em locais que eu não alcanço. Na hora de de dormir você quer camas e cobertores que eu não alcanço. Na higiene quer sanitários luxuosos, cosméticos de preço inatingível.  Na diversão locais inacessáveis senão por algum meio de transporte que alguém como eu tem que operar. Eu te levo mas não posso ficar, tenho que transportar outros com essa insaciável fome de diversão.
       Minha vida é muito curta, bem mais curta do que a sua, não quero gastar prá imitar só as migalhas.  Perder horas imitando aspectos do seu corpo e das transformações que operam-se sobre, ouvindo as músicas que você diz que ouve, gastando horas para preparar alguns daqueles pratos que te servem no restaurante.  Eu prefiro gostar de você a partir do que nós temos em comum e não por aquilo que você tem e faz: se esse for o critério eu sempre estarei num nível bem inferior, eu diria inalcançável.
     Vou aproveitar meus dias para comer como príncipe, dormir como príncipe, ouvir música como príncipe .... pode não parecer mas sou príncipe.  Proponho um censo. Não o censo americano, ou o brasileiro, ou o japonês.  Vamos contar a proporção.  Gente cujo destino é a prisão, a guerra, a escravidão em todas as suas  formas, a ignorância, a submissão.  E no outro fator da proporção gente que é feliz, valorizada,  livre, tem sonhos realizáveis, come, se reproduz voluntariosamente, bebe e dorme.  
     Vivo como  príncipe até quando bebo água.

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