Bonitas ou feias muitas tinham que descer naquele ponto de ônibus da Bitencourt Rodrigues. Para manter a indumentária complexa: a unha tem que pintar e depois desenhar, o cabelo tem que hidratar e que alisar e que pintar e que ondular, o guarda roupa de janeiro já em maio foi para o lixo. Eu gostaria de capturar uma. Vim de uma delas. Tive um relacionamento tão, tão íntimo. Mas não consigo lembrar das coisas que mamã fazia por mim, parece uma bela duma pirraça do destino. Fui até num profissional desses que faz regressão: me levou até pro Antigo Egito. Todas as horas daqueles anos passei com ela, dependi dela, usei-a, o que não pedi a ela foi porque eu não sabia que existia
Deve ser bom ter mulher. Elas estão aqui desesperadas por adereços e em pouco tempo podem estar enfeitando a vida de um filho meu com botinhas que brilham, comidinhas que cheiram gostoso, gel de cabelo, bolsinhas, roupas descartáveis, meias coloridas, desenhos de flores, de bichinhos, de heróis da ficção ou com docinhos.
Mas eu desisti dessa minha obsessão pelo Milagre da Bitencourt Rodrigues. Gastando tanto tempo com alterar e dominar a realidade elas certamente não têm tempo prá mim. Devem chegar do trabalho cansadas e cheias de unhas para cortar, pelos para arrancar, cutículas para amolecer, cabelos para pintar, shoppings para visitar, alimentação para manter, programas de moda e de culinária por assistir .... cheeega, tô ficando cansado.
Embora eu tenha vindo de uma mulher ela sempre teve cada instante para mim.
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