quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

lá na terra dos contrários

Já que ninguém lê eu posso expressar um certo ... amuo, se é que essa palavra existe.  Um bico, que nem criança emburrada. De ver fortunas investidas nessas filmes sobre aquele grupo de  pessoas que sofreu injustiças e genocídios.  Porque sempre somente essas pessoas, somente esse grupinho?  Ninguém mais perde seus bens, sua família, seus direitos políticos?  Ninguém mais sofre exclusão até reprodutiva e alimentar por pertencer a etnias que sofreram ou sofrem refutamento?   Não há tipos humanos que tudo têm e tudo podem apenas em razão do seu patrimônio genético?
Na verdade nem sei porque estou escrevendo. Maria Antonieta e seu séquito já foram para a guilhotina, Lenon, coitado, que relação ele tinha com tudo isso? E o filho do Deus?  Tudo porque eles achavam que a peça que encenamos geração após geração deveria ser reescrita.   Só aparece a parte do protesto, as transformações só usando uma lupa.

Antes tarde ...

Não tem problema se você não me lê.
A vida é curta demais, temos que aceitar o reconhecimento póstumo.
É melhor do que sofrer com o sentimento de mediocridade.

um lixo que não vai direto para o lixo faz estragos

Houve um tempo em que dizer certas coisas levava para internação. Os paradigmas sustentavam o mundo.   Ontem assisti àquele filme do arquivista de imagens que corre o mundo para te contar o que tem no mundo. Será que arte cênica não deveria ter um padrão mínimo, certas obras deveriam ser proibidas por insuficiência de desempenho, desperdício de materiais cênicos, de mão da obra e até de mão de obra daqueles atendentes, tão jovens e que poderiam estar trabalhando numa atividade relevante.  Agora eu entendo porque tanto esmero no filme do palhaço. É respeito à mão de obra e à ecologia, afinal produções gastam recursos do planeta.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Desculpe, querido poeta, se te passei a impressão de que sei .  Como posso saber se nunca aprendo, como escutar se não quero ouvir, como ver sem olhar.
Até ontem, te juro, ontem, eu queria mudar o mundo, ver tanta crueldade dói demais. Eu sei o quanto dói, acho que quem  pratica tiro ao pombo não sabe o que é  ser o pombo. Bom prá tu que não atira nem é pombo.  
Ah, ontem, ia esquecendo.  Eu não quero dizer de quem estou falando porque o historiador dedicou às vezes uma vida para escrever aquele mega ultra hiper calhamaço para eu chegar aqui e explorar uma pesquisa que nem tinha como ser minha.   Uma rainha que era liberal, não se conformava com o machismo, as guerras, a hostilidade entre as diferentes classes sociais bla bla bla bla não se conformava. Ler aquele ínfimo pedaço do livro foi  chocante, se eu tivesse lido inteiro teria me matado.  Para dar asas ao mundo que desejava  criar da sua cabecinha juntou-se à ala moderna, preponderantemente feminina: vamos usar roupas e penteados leves e abolir toda a perucaria e os tecidos extravagantes, comeremos com os camponeses,  proibidos os banquetes complexos.  Assim a reencarnação dela e de suas amigas como jacarés, urubus, peixe bioluminescente ... veio bem mais rapidamente. E sempre é bom porque quando se muda para esses papéis não é preciso ferver os miolos, o coração, a soberba ... com ideais. Lagartixa não queima sutiã.  Abelha não faz greve.  Humanos são tão minoria que nem sei por qual milagre conseguimos essa boquinha.  Sempre me pergunto, de verdade, se as bactérias dentais sentem a agonia da morte. As do intestino, os vírus ... esses em nenhum momento me atiçaram a curiosidade.  O mundo não continua igual só por conta dos ideais.     Entre os briguentos havia os artesãos que forçosamente repassavam parte dos seus lucros, passavam anos nas corporações para aprender o ofício, compravam matéria prima de outros artesãos e agora se viam esmagados pelos vendedores de bugigangas. Me pareceu abstrato mas ele me metralhou com o concreto: os fabricantes de chapéus com flores frescas e com flores dos mais sofisticados tecidos, ferragens e laços      viam as poucas moedas serem pagas aos fabricantes de versões básicas. Os idealistas queriam uma revolução com protestos mas os famintos e os esfomeados aproveitaram-se para saquear. 
    Se conseguimos sobreviver a ver sempre, todo dia, aquela estória da vilã que só dá dois dias de felicidade à mocinha acho que podemos aceitar um mundo que é sempre igual,   onde só mudam o avanço tecnológico e ... as roup.as de época.
    Melhor usar o tempo, que é curto, para fruir, influir é  fantasia

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

viver é melhor que sonhar

     Quem não veste o que você veste, quem não usa as palavras que você usa não se compara a você.
      Quero igualdade, sim, eu me esforço prá te imitar. É você quem não permite. Na hora de comer, a hora mais fácil de concretizar igualdades você me larga e vai comer em locais que eu não alcanço. Na hora de de dormir você quer camas e cobertores que eu não alcanço. Na higiene quer sanitários luxuosos, cosméticos de preço inatingível.  Na diversão locais inacessáveis senão por algum meio de transporte que alguém como eu tem que operar. Eu te levo mas não posso ficar, tenho que transportar outros com essa insaciável fome de diversão.
       Minha vida é muito curta, bem mais curta do que a sua, não quero gastar prá imitar só as migalhas.  Perder horas imitando aspectos do seu corpo e das transformações que operam-se sobre, ouvindo as músicas que você diz que ouve, gastando horas para preparar alguns daqueles pratos que te servem no restaurante.  Eu prefiro gostar de você a partir do que nós temos em comum e não por aquilo que você tem e faz: se esse for o critério eu sempre estarei num nível bem inferior, eu diria inalcançável.
     Vou aproveitar meus dias para comer como príncipe, dormir como príncipe, ouvir música como príncipe .... pode não parecer mas sou príncipe.  Proponho um censo. Não o censo americano, ou o brasileiro, ou o japonês.  Vamos contar a proporção.  Gente cujo destino é a prisão, a guerra, a escravidão em todas as suas  formas, a ignorância, a submissão.  E no outro fator da proporção gente que é feliz, valorizada,  livre, tem sonhos realizáveis, come, se reproduz voluntariosamente, bebe e dorme.  
     Vivo como  príncipe até quando bebo água.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

como passarinho

   A vida dos animais é mais fácil que a dos homens.
   Muita gente já falou isso, só estou repetindo.
   Um homem tem que conviver com extremos de desigualdade.  Todos os pássaros comem as mesmas sementinhas mas entre os homens há quem passe a vida vendo coisas que quer comer, que estão ali sobrando, até indo pro lixo.   Todos tem criatividade, opnião, senso de humor, desejos, censuras ... mas uns se fazem ouvir, uns  querem ouvir.    Todos tem força física mas sempre há um que é escolhido para fazer força por outros.  Todos tem direito à reprodução mas uns têm tanto direito. Quando um pássaro nasce tem direito ao ambiente. Um humano pode ter direito a empregados, tronos,  fêmeas,  palácios, médicos ... rezamos para que nenhum maluco invente que comer  fígados ( ou sei lá o que ) de outros homem faz um homem viver 100 anos. 
    Quando você vir aquelas fotos do Sebastião Salgado sinta-se mais tranquilo.  Dá prá viver sem pensar no que o outro pensa que você está pensando prá se antecipar em  disfarçar suas atitudes antes que ele faça contra você aquilo que ele pensa em fazer.   Vamos evoluir até lá.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O PARADOXO

Bonitas ou feias muitas tinham que descer  naquele ponto de ônibus da Bitencourt Rodrigues. Para manter a indumentária complexa: a unha tem que pintar e depois desenhar, o cabelo tem que hidratar e que alisar e que pintar e que ondular, o guarda roupa de janeiro já em maio foi para o lixo. Eu gostaria de capturar uma. Vim de uma delas. Tive um relacionamento tão, tão íntimo. Mas não consigo lembrar das coisas que mamã fazia por mim, parece uma bela duma pirraça do destino. Fui até num profissional desses que faz regressão: me levou até pro Antigo Egito. Todas as horas daqueles anos passei com ela, dependi dela, usei-a, o que não pedi a ela foi porque eu não sabia que existia
Deve ser bom ter mulher. Elas estão aqui desesperadas por adereços e em pouco tempo podem estar enfeitando a vida de um filho meu com botinhas que brilham, comidinhas que cheiram gostoso, gel de cabelo, bolsinhas, roupas descartáveis, meias coloridas, desenhos de flores, de bichinhos, de heróis da ficção ou com docinhos.
Mas eu desisti dessa minha obsessão pelo Milagre da Bitencourt Rodrigues.  Gastando tanto tempo com alterar e dominar a realidade elas certamente não têm tempo prá mim. Devem chegar do trabalho cansadas e cheias de unhas para cortar, pelos para arrancar, cutículas para amolecer, cabelos  para pintar, shoppings para visitar, alimentação para manter, programas de moda e de culinária por assistir ....  cheeega, tô ficando cansado.
Embora eu tenha vindo de uma mulher ela sempre teve cada instante para mim.