quarta-feira, 26 de março de 2014

O que nosso grande autor queria dizer com Quarto de Pensão

     Querido Deus que tentou, sempre, nos dar justiça

         Quando  uma banda muito criativa consegue se imortalizar com um videoclipe rodado em diferentes ambientes a partir da sua casa  mostra a realização de um sonho. Não o sonho noturno de transitar entre vários ambientes mas em poucas horas acordar no mesmo quartinho.  O sonho de ter uma estrutura que dê suporte a projetos.
          Quantas grandes realizações geraria quem nasceu num território miserável e instável?   As belas moças que foram mortas antes mesmo da juventude? Aqueles  que sobrevivem mas fazem bem menos do que podem?
          Só com muita justiça se consegue aproveitar o melhor de cada humano. Não deixe barato mesmo, reclame tudo, tudo o que é seu. Porque o mundo é vasco e rico. Se você está sem o seu pode ter certeza de que ele está nas mãos de alguém.  Se alguém tem dois um é seu. E porque o gado só cresce sob o olho do dono, ninguém melhor que você para resgatar o que é seu por direito.   Não se deixe convencer por gente que tem três, guarda bem guardadinho e te obriga a  produzir o que não quer para poder ter um quarto.

         

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Não somos filhos da puta

          Talvez sejamos todos a mesma pessoa, serei você, você me será.  A música que falou, não fui eu.  É nascer pelado e sem dente para passar anos usando a força física para construir coisas sem poder aproveitar.  Anos de trabalho duro para beneficiar um governo, um familiar, um patrão ...  pelado e sem dente, novamente. E novamente carregar nos braços a tarefa árdua de construir o mundo. E reze para nascer num corpinho todo funcional, perfeitinho. Torça para a sua mamãe não ser forçada por um daqueles caras que, se fosse pelos atributos, não arrumaria nem uma cabra. Torça para não nascer num país violento: nesses locais as mãos, as idéias,  a atitude gregária, o empreendedorismo ... são irracionalmente desperdiçados.  
          E quem é você para pedir uma cota daquilo que antes já produziu.  Nem mesmo Ela,  a origem de tudo, teve como reivindicar prestígio  ou royalties.  Eva vive em algum corpo talvez arruinado, talvez jogado com tripas pra fora num hospital de campana, talvez sendo estuprada por 18 militares,  talvez fuzilando sentenciados, e talvez enfiando o ferrão nas flores e levando um llíquido para alguma colméia.
           Eva pode ser qualquer um de nós.  A Grande Construtora.  Se nós estamos no Facebook foi porque ela decidiu.   Você, por exemplo, tem um milhão de idéias aí nessa cabecinha. Quer salvar o mundo, estamos todos aflitos.  As idéias de Eva deixaram de ser mero projeto.  Mais do que  Deus decidiu que  Paraíso não deveria  ser a última parada do trem da vida.  Sabia que se o Paraíso não acabasse o mundo acabaria. Acabaria para sempre alí, olhando para Adão, um único idioma e só para o vocabulário restrito aos itens de série da vida paradisíaca.   O passado já passara mas estariam condenados a um passado eterno.
          A maçã aparece todos os dias para várias pessoas, em vários lugares, fato que só serve para realçar a santidade de Eva, que aliás há muito tempo já deveria ter sido beatificada, canonizada, brindada e cantada.  Mesmo sabendo que perderia os bens, o conforto, a respeitabilidade e talvez até a sanidade manufaturou as primeiras roupas, foi pioneira na preparação dos alimentos, discutiu a relação uma vez que seu ato parece não ter sido tão bem recebido quanto ela imaginava ser justo ... criou necessidades que estudamos até hoje para satisfazer pela melhor técnica.   E fora  a parte material tornou divertida a existência feminina, esse direito de apontar o dedo no nariz de um homem e dizer "  seu filho não vai nascer ".
          Uma oportunidade de aprimorar as técnicas pró humanidade não deve ser desperdiçada.  Imagine o que seria de todos nós se Eva tivesse dado o passo para trás só para se manter quentinha e no conforto.   Hoje ela mesma estaria zanzando por aí numa vida completamente pobre. Um mundo rico, como diria lá a nossa amiga, também é um mundo sem pobreza.  Mas isso é o básico, um mundo rico  é um mundo com opções, e para todos.   O mundo não nasceu assim limpinho e cheirosinho,  em tanta produção todos temos cotas.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Parece que era ontem

     Mamãe, o que é virgindade
     Não pude explicar porque mulher direita não falava sobre sexo
     E se a mulher não fosse direita não teria como comprar ou alugar uma casa, pagar o dentista, comprar carne ... o maior sonho de uma brasileira poderia ser degustar carne de um boi. Nada de preconceito só como fraldinha porque acém é duro.
     Mas mamãe, os homens têm mais direitos que as mulheres, se um homem quiser trocar a mulher por uma bem mais nova a mulher não vai ser mais virgem. Ou vai? Não sei porque todas as mulheres são direitas e as moças têm pavor de qualquer problema com a imagem. A imagem garante o feijão.   Se papai trocar você dá para se prostituir?
    Isso eu jamais perguntei porque falar em prostituição me renderia um tapa nas fuças.
    Hoje: velhas mulheres sem aposentadoria.
    Isso não é uma lamentação. É uma constatação de que construções culturais podem levar à ruína as mesmas pessoas que  criam e apoiam.   São a definição do antigo bebê diabo, algo arruinante que eu dizia existir para outrem. Em pouquíssimos anos a realidade pode sofrer uma mudança radical. Uma crendice malévola que algum cidadão plantou pode gerar limitações para ele mesmo, basta uma mudança rápida nos costumes.  Se  quer um coselho não saia por aí, irresponsavelmente, espalhando crendices que podem num segundo momento prejudicar os seus filhos. Afinal, você as repete enfaticamente, no primeiro momento é você mesmo quem sai prejudicado.
   
   

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

lá na terra dos contrários

Já que ninguém lê eu posso expressar um certo ... amuo, se é que essa palavra existe.  Um bico, que nem criança emburrada. De ver fortunas investidas nessas filmes sobre aquele grupo de  pessoas que sofreu injustiças e genocídios.  Porque sempre somente essas pessoas, somente esse grupinho?  Ninguém mais perde seus bens, sua família, seus direitos políticos?  Ninguém mais sofre exclusão até reprodutiva e alimentar por pertencer a etnias que sofreram ou sofrem refutamento?   Não há tipos humanos que tudo têm e tudo podem apenas em razão do seu patrimônio genético?
Na verdade nem sei porque estou escrevendo. Maria Antonieta e seu séquito já foram para a guilhotina, Lenon, coitado, que relação ele tinha com tudo isso? E o filho do Deus?  Tudo porque eles achavam que a peça que encenamos geração após geração deveria ser reescrita.   Só aparece a parte do protesto, as transformações só usando uma lupa.

Antes tarde ...

Não tem problema se você não me lê.
A vida é curta demais, temos que aceitar o reconhecimento póstumo.
É melhor do que sofrer com o sentimento de mediocridade.

um lixo que não vai direto para o lixo faz estragos

Houve um tempo em que dizer certas coisas levava para internação. Os paradigmas sustentavam o mundo.   Ontem assisti àquele filme do arquivista de imagens que corre o mundo para te contar o que tem no mundo. Será que arte cênica não deveria ter um padrão mínimo, certas obras deveriam ser proibidas por insuficiência de desempenho, desperdício de materiais cênicos, de mão da obra e até de mão de obra daqueles atendentes, tão jovens e que poderiam estar trabalhando numa atividade relevante.  Agora eu entendo porque tanto esmero no filme do palhaço. É respeito à mão de obra e à ecologia, afinal produções gastam recursos do planeta.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Desculpe, querido poeta, se te passei a impressão de que sei .  Como posso saber se nunca aprendo, como escutar se não quero ouvir, como ver sem olhar.
Até ontem, te juro, ontem, eu queria mudar o mundo, ver tanta crueldade dói demais. Eu sei o quanto dói, acho que quem  pratica tiro ao pombo não sabe o que é  ser o pombo. Bom prá tu que não atira nem é pombo.  
Ah, ontem, ia esquecendo.  Eu não quero dizer de quem estou falando porque o historiador dedicou às vezes uma vida para escrever aquele mega ultra hiper calhamaço para eu chegar aqui e explorar uma pesquisa que nem tinha como ser minha.   Uma rainha que era liberal, não se conformava com o machismo, as guerras, a hostilidade entre as diferentes classes sociais bla bla bla bla não se conformava. Ler aquele ínfimo pedaço do livro foi  chocante, se eu tivesse lido inteiro teria me matado.  Para dar asas ao mundo que desejava  criar da sua cabecinha juntou-se à ala moderna, preponderantemente feminina: vamos usar roupas e penteados leves e abolir toda a perucaria e os tecidos extravagantes, comeremos com os camponeses,  proibidos os banquetes complexos.  Assim a reencarnação dela e de suas amigas como jacarés, urubus, peixe bioluminescente ... veio bem mais rapidamente. E sempre é bom porque quando se muda para esses papéis não é preciso ferver os miolos, o coração, a soberba ... com ideais. Lagartixa não queima sutiã.  Abelha não faz greve.  Humanos são tão minoria que nem sei por qual milagre conseguimos essa boquinha.  Sempre me pergunto, de verdade, se as bactérias dentais sentem a agonia da morte. As do intestino, os vírus ... esses em nenhum momento me atiçaram a curiosidade.  O mundo não continua igual só por conta dos ideais.     Entre os briguentos havia os artesãos que forçosamente repassavam parte dos seus lucros, passavam anos nas corporações para aprender o ofício, compravam matéria prima de outros artesãos e agora se viam esmagados pelos vendedores de bugigangas. Me pareceu abstrato mas ele me metralhou com o concreto: os fabricantes de chapéus com flores frescas e com flores dos mais sofisticados tecidos, ferragens e laços      viam as poucas moedas serem pagas aos fabricantes de versões básicas. Os idealistas queriam uma revolução com protestos mas os famintos e os esfomeados aproveitaram-se para saquear. 
    Se conseguimos sobreviver a ver sempre, todo dia, aquela estória da vilã que só dá dois dias de felicidade à mocinha acho que podemos aceitar um mundo que é sempre igual,   onde só mudam o avanço tecnológico e ... as roup.as de época.
    Melhor usar o tempo, que é curto, para fruir, influir é  fantasia